sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Vitamina K e O Câncer : indução de apoptose e inibição da proliferação celular maligna

São três as formas de vitaminas K : vitamina K1 ( filoquinona) , vitamina K2 ( menaquinona ) e vitamina K3 ( menadiona ). A vitamina K3 possui maior atividade antitumoral mostrando inibição de 50% na formação de colônias em 86% dos tumores humanos testados à 1 micrograma/ml. Estes tumores incluem o câncer de mama, de próstata , gliomas , tumores de cabeça e pescoço, entre outros. In vivo a atividade antitumoral necessita de doses relativamente altas .

A vitamina K 3 exerce efeito antitumoral inibindo a atividade da Cdk1 induzindo a parada do ciclo celular e a morte das células.

As ciclinas e as quinases dependentes das ciclinas ( Cdks ) são as chaves reguladoras do ciclo celular das células eucarióticas. A Cdk1 ( ciclina tipo B ) regula a fase M , a Cdk2 ( ciclina tipo A e tipo E ) controla a fase S e a transição G1/S e a Cdk4 ( ciclina tipo D ) controla a progressão da fase G1. Existem 3 genes Cdc25 nos seres humanos: A, B, e C. Os produtos desses genes são fosfatases específicas que possuem resíduo cisteina nos locais ativos. O pico de expressão do gene Cdc25A é na fase G1 e o pico de expressão do gene Cdc25B se faz na transição G1/S e na fase G2. O Cdc25C é predominantemente expresso na fase G2 e regula o tempo das células entrarem em mitose."

A medadiona também induz apoptose por fragmentação do DNA e aumento da expressão do gene c-myc.

"Okayasu em 2001, testou a citotoxicidade das vitaminas K1, K2 e K3 em algumas linhagens de tumor humano. Observou que a vitamina K3 é a mais potente como citotóxica na leucemia promielocitica HL-60 , no carcinoma de células escamosas e no tumor de glândula salivar. As vitaminas K1 e K2 são de uma a duas ordens de grandeza inferiores à vit. K3 quanto à citotoxicidade. Entretanto a vitamina K2 é capaz de induzir a apoptose em células do glioma humano, nas células da síndrome mielodisplasica e nas células da leucemia promielocitica aguda. Sun e Ishida em 1999 mostraram o efeito da vitamina K2 sobre 3 linhagens de gliomas: glioma C6 ( rato ) e gliomas RBR17T e T986 ( humanos ) . A vitamina K2 inibiu o crescimento tumoral de uma forma dose dependente, por parada do ciclo celular e apoptose. O seu uso combinado com a 1,25 dihidroxivitaminaD3 ou o fluoracil , aumentou significantemente o seu efeito inibitório. A vitamina K2 juntamente com o ácido all trans retinoico induz completa remissão da leucemia promielocitica aguda ( Fugita,1998). Em 1998, Gilloteaux descreveu a autoschizis , processo de morte celular induzido por estresse oxidativo que mostra características morfológicas de necrose e de apoptose. Na autoschizis ocorre lesão exagerada da membrana celular e a perda progressiva das organelas livres no citoplasma. Durante o processo, o núcleo fica menor e o tamanho da célula se reduz para metade do tamanho original. A mitocondria se condensa, porém, a morte da célula tumoral não resulta da deficiência de ATP."

Vale salientar que a vit K não funciona em células estacionárias, isto é, nas células que não estão em regime de proliferação. Antioxidantes como a acetilcisteina, catalase, superoxido dismutase e desferroxamina podem diminuir ou até abolir o efeito da vitamina K3.

JUNIOR, J. F.; Efeitos da vitamina K no câncer : indução de apoptose e inibição da proliferação celular maligna. Publicado em http://www.portalfarmacia.com.br/.

Um comentário:

  1. Muito boa postagem.
    Um pouco profunda para alguns que ainda não se iniciaram suficientemente na genética e citologia ou biologia molecular.
    Além da introdução ao tema, alerta-nos para um novo modelo de morte celular - autoschizis.

    Eu confesso que é a primeira vez que leio sobre autoschizis, e que o tema me interessou.

    Obrigado, pela aprendizagem. Pretendo fazer um post no Patologia Básica.

    Parabéns.

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