sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Priapismo


É uma ereção persistente e freqüentemente dolorosa, com duração maior que 4 horas. Essa ereção peniana pode ocorrer após o orgasmo, mas geralmente não acompanha o desejo sexual. É uma emergência urológica que pode levar ao quadro de impotência sexual definitiva, e por isso merece pronto atendimento, no hospital mais próximo.
Existem dois tipos principais de priapismo. O primeiro ocorre por lesão venosa. Há uma obstrução no conjunto de veias que drenam o pênis, impedindo que o sangue presente no órgão, retorne ao corpo. A pressão do sangue dentro do pênis se eleva e falta oxigênio para o tecido peniano, gerando um quadro de dor intensa. O priapismo venoclusivo prolongado pode levar a fibrose do pênis e perda da capacidade de atingir uma ereção, observando-se alterações celulares significativas em apenas 24 horas.
O outro tipo ocorre por uma lesão arterial, onde há a ruptura de uma ou mais artérias que levam o sangue até o pênis. O sangue passa a chegar em grande volume e de forma rápida ao órgão, enquanto o escoamento é lento, gerando um estado de ereção prolongada. Como não há deficiência de chegada de sangue às fibras sensitivas do pênis, geralmente não há dor.
A grande diferença é que neste tipo, a consistência do pênis não é de tanta rigidez como no caso da lesão venosa. Isso ocorre porque o sangue consegue deixar o pênis, mesmo que de forma mais lenta que sua chegada a ele, gerando um estado parcial de ereção, que pode perdurar por um longo período, sem causar dor e muitas vezes sem prejudicar o ato sexual.
O priapismo venoso pode ocorrer devido a doenças como anemia falciforme, doenças neurológicas que causam lesão de fibras nervosas envolvidas no mecanismo de ereção (hérnia de disco intervertebral), infiltração tumoral, pneumonia recentes por micoplasma, intoxicação por monóxido de carbono, malária e outras. Também pode ser causado pelo uso de alguns medicamentos como hidralazina, metoclopramida, omeprazol, hidroxizina, tamoxifeno, testosterona, hipotensores (prazosin), antidepressivos (Prozac), ou anticoagulantes (heparina), além de substâncias injetadas no pênis para provocar ereção artificial (papaverina, fentolamina, prostaglandina E1), e abuso de bebidas alcoólicas e drogas (cocaína). Acidentes com grande lesão do períneo e hemorragia local podem comprometer a drenagem do sangue peniano também levando ao quadro de priapismo. Já o priapismo arterial ocorre devido à ruptura das artérias que levam o sangue para o pênis como trauma perineal e/ou peniano.
O diagnóstico de priapismo é simples, pois pode ser baseado na história do paciente, que é clássica.
O priapismo muitas vezes necessita de atendimento médico URGENTE. Os objetivos do tratamento são esvaziar os corpos cavernosos intumescidos, melhorar a dor do paciente, e prevenir a impotência definitiva.
No caso da lesão venosa, a primeira conduta é puncionar o pênis para aspirar o sangue que se encontra estagnado dentro de pênis. Pela mesma punção deve-se introduzir substâncias como noradrenalina que podem ajudar na detumescência peniana (regressão da ereção). Caso essa manobra não solucione o problema, há necessidade de intervenção cirúrgica, para se criar uma comunicação de escape do sangue (shunt) e com isso, permitir a saída do sangue do interior do pênis.
Na lesão arterial, muitas vezes a ligadura cirúrgica da artéria sangrante ou a obstrução dessa artéria por cateterismo (embolização), resolve o problema.
Caso a busca por atendimento médico seja tardia, com permanência do priapismo por várias horas e conseqüente ocorrência de fibrose dos corpos cavernosos, há a possibilidade de comprometimento definitivo das ereções, quando a única solução passa a ser o uso de prótese peniana.
Há também a possibilidade de outros tratamentos, para casos especiais, como no priapismo secundário à doença falciforme, onde poderá ser necessária uma transfusão de sangue ou uso de oxigênio hiperbárico.

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